“As armas e os varões”, por Luiz Maklouf Carvalho
Revista Piauí, número 31, Abril de 2009.
Depois de Fernando Henrique Cardoso, Daniel Dantas, José Dirceu, Soninha Francine e outros nomes conhecidos da política brasileira, a Revista piauí decidiu investir no perfil da, talvez, futura candidata à presidência do país, a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Um ponto interessante está relacionado à abordagem da matéria, a qual pretende, como podemos notar na linha-fina “A educação política e sentimental de Dilma Rousseff”, mostrar um lado pouco visto do braço direito do governo Lula.
Uma Dilma que ninguém viu
Maklouf, ao dar corpo à matéria, não ousa muito na estrutura do texto. Seguindo uma linha cronológica, traça um perfil da personagem desde a infância até a época em que a ministra participou de movimentos contra a ditadura militar brasileira e chegou a ser presa no DOPS.
Apresenta como linha-mestra a questão sentimental da vida de Dilma na construção da reportagem. Mesmo quando o texto enfatiza as posições e dilemas políticos vividos pela protagonista, o repórter traz sempre a discussão para o lado afetivo. Essa proposta de “humanização” do personagem é um fator importante no desenrolar do perfil, pois acaba mostrando ao leitor outra face, pouco explorada pela mídia, de uma figura forte na política nacional.
Detalhes e curiosidades da atuação política da ministra durante a ditadura foram conseguidos não com a retratada, que por sinal não foi entrevistada para pelo repórter, mas com pessoas muito próximas a ela. E quem disse que um bom perfil não pode ser feito dessa maneira? Ao ouvir irmão, ex-maridos, amigos e lideranças políticas conhecidas de Dilma, Maklouf mostra ao leitor que, às vezes, é tão importante dar voz aos coadjuvantes das histórias quanto aos protagonistas.
A ministra é mostrada sempre não como um exemplo de sensibilidade feminina, mas como uma pessoa forte e engajada politicamente. A grande maioria dos entrevistados pelo repórter coloca-na como uma mulher que não se abala diante de questões e situações conturbadas que enfrenta. Seria essa a “tese” defendida por Maklouf? Fico imaginando como os partidos políticos adversários do governo e, mais especificamente, do PT estariam dizendo após a leitura do perfil: “A disputa pela presidência já começou e Dilma é a candidata a ser vencida”.
Por Ana Carolina Athanásio
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